La senadora brasileña Katia Abreu aseguró que “China tiene las puertas abiertas a Brasil”
La senadora brasileña Katia Abreu, del Partido Social Democrático del Estado de Tocantins, enfatizó la conveniencia de que la agenda de Brasil con los chinos sea “agresiva”, dado que “ellos precisan —¡y mucho!— del alimento producido en Brasil”.
En un artículo publicado este fin de semana en Folha de Sao Paulo, Abreu sostiene que “es necesario que Brasil fortalezca el intercambio y la presencia para aumentar la confianza y promover la cooperación. Aumentar los canales de comunicación y los mecanismos de consulta, buscando siempre el diálogo directo, es la mejor manera de conocer a los chinos”.
La legisladora, también presidenta de la Confederación Nacional de Agricultura, visitó recientemente China, donde pidió mayores inversiones en la infraestructura de su país para ayudar a abaratar los costos de exportar a la nación asiática.
China es el mayor socio de Brasil en comercio agrícola, con ventas de ajo, pescado, frijol seco y bacalao, mientras que el país sudamericano vende principalmente soja. El 80% de las ventas van a China, que importó el año pasado 14.600 millones de dólares en productos agrícolas brasileños.
Durante la visita, Abreu anunció que la organización abrirá en 2013 una oficina en el país asiático para atraer inversiones y promover las exportaciones.
En su artículo del sábado pasado, Katia Abreu explica que la primera sensación que tuvo en su visita fue que “los chinos son eficientes, objetivos, profesionales, aceptan desafíos y tienen las puertas abiertas a Brasil. Es todo eso pero no sólo eso: allá, crecer es una decisión política”.
La nota en Folha de Sao Paulo
Kátia Abreu – A China é logo ali
Para conquistar o maior cliente mundial, nossa agenda com os chineses pode e deve ser agressiva
A CHINA impressiona. E a primeira boa impressão que tive, em recente visita àquela potência econômica, foi a de que os chineses são eficientes, objetivos, profissionais, aceitam pautas desafiadoras e estão de portas abertas para o Brasil. Tudo isso, mas não só isso: lá, crescer é uma decisão política.
Não é difícil compreender a essência da China dos dias de hoje, em que a reestruturação da economia e o enriquecimento do país é uma tarefa central para seus executivos e seus governantes.
As autoridades chinesas pressentiram que, com 1,3 bilhão de habitantes, não é possível um país permanecer estável, ser internacionalmente influente, se não alcançar um processo robusto e equilibrado de desenvolvimento.
Há uma impetuosidade na busca do crescimento e do progresso. Por onde se anda é visível que o país está mudando a economia, combatendo a pobreza, transferindo a população do campo para cidades planejadas, distribuindo a riqueza, usando mão de obra própria e, ao mesmo tempo, importando inovação e tecnologia de qualquer lugar do mundo. O resultado é surpreendente.
O que se vê, além da ousadia dos seus dirigentes, é o senso de urgência do país, mas os bens coletivos -estradas, ferrovias, portos, aeroportos, estações- são monumentos à modernidade e projetados para o futuro.
A estratégia de charme da China se tornou ostensivamente material: arquitetura arrojada, intervenções ambientais radicais, urbanismo furioso e determinado -essa é a cara da “nova China”.
Da “velha China” ainda resta o modelo híbrido de socialismo político e capitalismo econômico que, à primeira vista, acaba passando a ideia de que é uma virtude a combinação de autoritarismo e prosperidade. Não é. O país ainda paga um alto preço humano pela ausência de liberdade e pela dificuldade do regime em lidar com críticas, com a imprensa livre e com a organização da sociedade civil.
A economia chinesa está baseada no centralismo político com planejamento estatal, por isso o protecionismo é uma constante. Se a nossa indústria sofre, o setor agropecuário brasileiro não enfrenta grandes barreiras, pois temos escala, tecnologia e competitividade.
Nossa agenda com os chineses pode e deve ser agressiva. Eles precisam -e muito!- do alimento produzido no Brasil. Basta ver que mais de 30% das exportações do agronegócio brasileiro para lá são dirigidas.
Paz e competição formam o lema chinês. Por isso, é notória a ligação entre a diplomacia política e a diplomacia comercial. Os países que mais fazem negócios com a China são os que estão dispostos a viver a vida em mandarim. O que vimos em todos os momentos, em nossa viagem, foi uma forte presença de empresas europeias e norte-americanas no país, embaixadas com centenas de funcionários, mostrando que não importa a distância para ser “amigo íntimo” da China.
A imagem do Brasil -“o país do café”- e seus produtos, especialmente os agrícolas, é boa, mas claramente insuficiente. A pauta focada em poucos produtos e sem desdobramentos internos na direção da criação de marcas e produtos sino-brasileiros limita -e até esconde- nossa presença.
A compreensão recíproca das limitações é notória, ou seja, a China dá grande importância ao desenvolvimento das relações com o Brasil, mas percebe-se que não há relação estratégica sólida.
Por enquanto, o “negócio da China” tem sido bom apenas para os chineses -e para algumas poucas empresas.
É preciso que o Brasil fortaleça o intercâmbio e a presença para aumentar a confiança e promover a cooperação. Aumentar os canais de comunicação e os mecanismos de consulta, buscando sempre o diálogo direto, é a melhor forma de conhecer os chineses.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) entendeu e aceitou esse desafio. Até o final deste ano, estaremos com nosso escritório em Pequim, representando a agropecuária, que reúne as melhores vantagens competitivas para conquistar o maior cliente do mundo. A China é logo ali.
KÁTIA ABREU, 50, senadora (PSD-TO) e presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil)
Folha de S.Paulo
26/05/2012
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